Casa de asfalto

Morador de rua, na calçada da Rio Branco em Juiz de Fora

Por Aldine Mara

Nas praças, nos espaços abandonados, debaixo de pontes, nas calçadas, nas ruas… É essa a rotina e o lar de uma parcela da população juizforana. De acordo com um levantamento feito pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop) de Juiz de Fora, cerca de 700 pessoas vivem nas ruas da cidade. O mesmo levantamento foi feito em 2007, e na época o número era de 336 moradores de rua. Em três anos, foi registrado um aumento de mais de 100%.

 Em Juiz e Fora existe o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) que trabalha dando suporte aos moradores de rua. O Creas – população de rua foi fundando em janeiro desse ano para dar auxílio a essa parcela da população e é mantido pela Prefeitura Municipal. A assistente social, Maria do Socorro Carneiro, é a coordenadora do programa e conta como funciona esse projeto na cidade.

JFon – Quantas pessoas são assistidas por vocês?

Maria do Socorro: Por mês atendemos cerca de 600 pessoas, somando todas as nossas atividades.

JFon – Quais são as atividades oferecidas pelo Creas?

M. S: A instituição oferece atendimentos sócio-educativos como atividades em grupo, jogos, futebol, filmes e passeios. Oferecemos também atendimento psico-social nos nossos grupos de apoio, e temos a alimentação, onde oferecemos lanches e almoços aos moradores de ruas que são encaminhados até nós. Aqui é um espaço para que eles possam descansar de forma saudável e tentar se reabilitar. O Creas pop-rua não é um abrigo, um albergue, é um lugar de reinserção desse morador na sociedade.

JFon – Como os moradores de rua chegam até o Creas pop-rua?

M.S: Eles chegam por demanda espontânea ou são abordados pela nossa equipe. Muitas pessoas ligam para a gente pelo telefone 3690-7770 e nos falam sobre algum morador de rua que conhece ou viu. A gente pede referência e nossa equipe vai atrás para fazer um primeiro atendimento. Lá eles fazem esse primeiro contato, conversam com o morador, e avaliam a situação da pessoa para dar os desdobramentos. Após ser levado para o Creas, o morador tem uma primeira assistência como banho e alimentação. E, depois vemos suas necessidades, como o encaminhamento para abrigos, por exemplo.

 JFon – Quais são os principais motivos alegados pelos moradores de rua, assistidos pelos Creas, para sair de casa?

M.S.: Os motivos são diversos, mas principalmente a dependência química. Às vezes não é que a família é ruim e manda pra fora de casa, mas esgotam as possibilidades de ajuda. O próprio dependente se sente excluído da sociedade e prefere poupar a família a morar com eles. Muitos acreditam que estão colocando a vida de seus parentes em perigo, por isso vão morar na rua.

 JFon – Mesmo sendo um programa recente, já é possível ver a reinserção de um ex-morador de rua no mercado de trabalho, por exemplo?

M.S.: O Creas não tem a responsabilidade de dar emprego, por exemplo, aos nossos assistidos. Outros programas/projetos foram criados para esse objetivo e nós podemos encaminhar esses moradores a esses projetos. Nosso objetivo é dar a eles um primeiro atendimento e, principalmente, oferecer um momento de reflexão para que essas pessoas possam ser autores da própria vida.

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